Mercado Popular Quintais de Perus
A proposta do Mercado Popular Quintais de Perus representa um marco na requalificação de espaços históricos e no fortalecimento da economia comunitária. Localizado em uma área ociosa da antiga fábrica de cimento de Perus, que será transformada em um parque multifuncional, o mercado pretende ser um ponto central de convivência, trocas culturais e incentivo ao empreendedorismo local. O espaço será dedicado à comercialização de produtos e serviços criados por moradores, promovendo o protagonismo da comunidade e a valorização de suas habilidades, tradições e recursos.
Mais do que um espaço de comércio, o mercado se propõe a ser um polo de integração social, onde pequenos produtores, artesãos, artistas e empreendedores podem encontrar um ambiente favorável para desenvolver e expandir seus negócios. Além de oferecer produtos locais, o mercado pode abrigar eventos culturais, oficinas e atividades educativas, fortalecendo o vínculo entre a história do local e as novas oportunidades geradas. Assim, ele atua como um catalisador para a reinserção de moradores no mercado de trabalho e o fortalecimento da identidade cultural da região.
Essa iniciativa também busca combater a visão de Perus como uma cidade dormitório, oferecendo novas possibilidades para que os moradores vivam, trabalhem e prosperem na própria localidade. A integração do mercado ao parque não apenas amplia o uso do espaço revitalizado, mas também cria um ambiente dinâmico, que atrai visitantes de outras regiões e impulsiona o turismo sustentável. Com isso, o Mercado Popular Quintais de Perus se consolida como um símbolo de inovação social e de respeito à memória histórica, ao mesmo tempo em que projeta um futuro mais inclusivo e sustentável para a comunidade.
A ampla área coberta, destinada a abrigar a feira e os demais espaços de convivência, apresentou um desafio inicial. A cobertura precisava proteger os usuários das intempéries, mas também evitar o uso excessivo de energia para iluminação, alinhando-se à premissa do projeto de sustentabilidade e reuso.
Após a análise de diversos materiais, a solução escolhida foi o ETFE (etileno tetrafluoretileno), um nome técnico para uma solução altamente promissora. Trata-se de um polímero leve, transparente e extremamente resistente, que oferece proteção contra as intempéries e permite a entrada de luz natural, garantindo iluminação adequada e conforto aos espaços abaixo.
Um dos belos exemplos de sua utilização foi no Water Cube, Beijing, China, construído para as olimpíadas de 2008.
Suportando a cobertura, foi projetada uma estrutura composta por pilares e vigas de alumínio que, além de atenderem aos requisitos funcionais, agregam beleza e estética ao empreendimento. As vigas radiais emergem de duas grandes aberturas circulares, simbolizando a passagem da luz e reforçando a conexão com o Sol, um elemento vital em nossas vidas. Por essas aberturas, atravessam duas majestosas árvores de espécies nativas brasileiras, integrando a natureza ao espaço construído.
Essa solução não apenas destaca a valorização da biodiversidade local, mas também cria um vínculo simbólico entre o ambiente natural e a intervenção arquitetônica. As árvores tornam-se protagonistas do espaço, proporcionando sombra, conforto térmico e reforçando o compromisso com a sustentabilidade e a convivência harmoniosa entre homem e natureza.
O design proposto para os módulos priorizou a simplicidade, a modularidade e a facilidade de obtenção dos materiais necessários à sua construção. Dentre os diversos materiais pesquisados, a escolha recaiu sobre o bambu, que pode ser utilizado in natura ou processado em placas.
O bambu é um dos recursos naturais de crescimento mais rápido, sendo altamente renovável e de fácil obtenção. Durante seu ciclo de crescimento, ele captura grandes quantidades de carbono e libera oxigênio, contribuindo significativamente para a mitigação das mudanças climáticas.
Do ponto de vista mecânico, o bambu apresenta uma relação peso-resistência comparável à do aço. É extremamente flexível e, quando tratado adequadamente, oferece alta resistência às intempéries, pragas e desgaste natural, garantindo durabilidade e robustez às estruturas.
Os módulos possuem dimensões mínimas de 4m x 4m x 2,50m. Essa concepção favorece a modularidade, permitindo que sejam alinhados em sequência, girados, inclinados ou até sobrepostos, proporcionando flexibilidade e estimulando a criatividade durante a construção.
Corte AA
Corte BB